O artigo escrito por nossos colaboradores Rogerio Ferreira e Gizelli Nader tem como tema a auditoria do cuidado como um dos principais instrumentos de gestão do paciente internado com foco na desospitalização. O artigo foi um dos apresentados pela Qualirede no Prêmio Unidas de 2022.
Auditoria do cuidado com foco na desospitalização: Mudanças de estratégias e manutenção de resultados durante a pandemia em uma operadora de saúde com mais de 500 mil vidas
Objetivos
O objetivo deste trabalho é descrever as estratégias adotadas durante a pandemia da Covid-19 pela equipe da auditoria do cuidado em uma operadora de saúde com mais de 500 mil vidas e o impacto na desospitalização, durante este contexto e identificar se o processo praticado atualmente sustenta seus resultados mesmo com as mudanças ocorridas.
A auditoria do cuidado deve ser entendida como um dos principais instrumentos de gestão do paciente internado com foco na segurança e qualidade assistencial durante a sua jornada hospitalar, na medida em que promove contato periódico com a equipe assistente e visitas aos pacientes, para Acompanhamento e alinhamento de conduta, tendo como objetivo fim, buscar os melhores desfechos com otimização dos recursos disponíveis.
Em fevereiro de 2020, foi notificado o primeiro caso, no Brasil, da COVID-19. Por tratar-se de doença de fácil disseminação, os contatos presenciais ficaram severamente restritos, dificultando a atuação da auditoria do cuidado e portanto, a assistência aos pacientes, com risco de impacto real para os pacientes e também para o custo da assistência.
Métodos
Estudo descritivo comparando os percentuais de desospitalização pré e pós Pandemia, senso considerado de 01/01/2019 a 30/08/2019 (período pré-pandemia) e 01/01/2021 a 31/08/2021 (período pandêmico), considerando as adaptações nos processos necessárias ao cenário Pandêmico.
Foram calculados os percentuais de desospitalização a partir do modelo praticado antes e depois da Pandemia. As principais mudanças de estratégias adotadas no período de pandemia foram as substituições das visitas presenciais por acompanhamento dos pacientes através de meios eletrônicos, prontuários, sistema autorizador e demais controles.
Além disso, foram instituídos contatos telefônicos periódicos com equipe assistente da instituição de saúde e ainda com o próprio paciente e/ou seus familiares/cuidadores, garantindo a manutenção da proximidade. Foram calculados os percentuais de desospitalizações a partir das intervenções
Resultados
No período pré-pandemia, 17.802 pacientes foram visitados e ocorreram 1.857 (10,43%) desospitalizações após intervenção e indicação da equipe de auditoria por meio da discussão de caso com a equipe responsável pela assistência do paciente, bem como consenso com os familiares.
Já no período pandêmico, apesar das restrições, e considerando o plano contingencial adotado, 18.220 pacientes foram acompanhados a partir das estratégias adotadas, com 1.721 (9,45%) de desospitalizações.
Houve um pequeno aumento na quantidade de pacientes atingidos pela auditoria do cuidado, 2%, e uma pequena redução no percentual de desospitalização, 1%, sinalizando uma estabilidade nos resultados.
Conclusão
Os números apontam para um cenário estável, o que demonstra a importância da manutenção do trabalho da auditoria do cuidado, estabelecendo estratégias adequadas ao contexto que se apresenta, evitando impactos na assistência e nas rotinas regulatórias, indicando que o plano de contingência desenvolvido permaneceu efetivo.
As estratégias adotadas no período da Pandemia foram satisfatórias com número de desospitalizações semelhante entre os dois períodos. A avaliação de pacientes internados através de meios eletrônicos e contato à distância com equipe assistente e beneficiários/familiares mostrou-se efetiva e pode ser adotada em períodos de necessidade de distanciamento social.