Uma nova pesquisa Datafolha apontou que um terço dos brasileiros relata ter problemas frequentemente ou sempre com ansiedade, com o sono e com a alimentação. O objetivo foi trazer o contraste entre a percepção de saúde dos brasileiros com relatos de sintomas, em especial no campo de saúde mental.
Contexto
A ansiedade pode ser considerada como um conjunto de sinais e sintomas, que aparecem com determinada frequência, e costumam afetar o bem-estar e a qualidade de vida do indivíduo.
Estes sintomas podem incluir características psicológicas, como vontade de chorar, angústia, medo, sensação de abandono, entre outros; características físicas, como aumento da frequência cardíaca, falta de ar, tremor nas mãos, dores de cabeça e até mesmo vômito ou diarreia.
Também inclui sintomas cognitivos, ligados ao pensamento, onde aparecem pensamentos repetitivos, quando os piores cenários são imaginados, levando o indivíduo, inclusive, a acreditar que determinadas situações, normalmente catastróficas, irão acontecer com ele ou com pessoas queridas. Se você se identificou com boa parte destas características, é provável que esteja na parcela de um terço dos brasileiros, que sofre de ansiedade.
Evidentemente, é fundamental buscar avaliação com profissionais da saúde mental, como o psicólogo e o psiquiatra, para ter um diagnóstico preciso e principalmente, realizar o tratamento e acompanhamento necessários.
Neste sentido, esbarramos em uma questão bem importante: o tabu que ainda existe quando se trata de saúde mental. A divulgação e o conhecimento são fundamentais para acabar com o preconceito que ainda ocorre quando se fala em diagnósticos como depressão, ansiedade, entre outros.
Algumas pessoas tendem a associar tais quadros como fantasiosos, falta do que fazer, ou até mesmo como “frescura”. Talvez por não se tratar de algo passível de se identificar em um exame de imagem, por exemplo, é que se nega, de certa forma, a sua existência.
Mas como negar a presença dos sintomas, da angústia e das emoções que acompanham tais quadros?
O período de pandemia devido à covid-19, foi um divisor de águas em vários aspectos. Para além da tragédia com as perdas de entes queridos, a pandemia foi um período para readaptações. Tivemos que mudar hábitos e a rotina, e não tivemos escolha.
Foi necessário um período de quarentena, onde as atividades presenciais foram suspensas, e o estudo e trabalho antes presenciais, passaram a ser on-line, reuniões passaram a ser virtuais, encontros tiveram que ser adiados, despedidas não foram possíveis, e tivemos inúmeras perdas, em todos os sentidos.
Diante deste cenário, não é difícil entender o quanto fomos afetados emocionalmente. Não por acaso, os quadros de ansiedade aumentaram durante o período da pandemia. Mas o que aumentou também foi a procura pelos profissionais da psicologia, o que podemos considerar um aspecto positivo, apesar de todo o caos.
A ansiedade pode acometer qualquer pessoa, sem nenhuma distinção e pode ser considerada multifatorial, ou seja, a soma de características do indivíduo, mais fatores ambientais, sociais e sua história de vida, contribuem para o aparecimento do quadro.
A boa notícia é que existe uma luz no fim do túnel, existe tratamento, existe, sim, a possibilidade de dias melhores. A pandemia, por exemplo, nos trouxe muita dor, mas também abriu a possibilidade de readaptação, de reflexão, de perceber a importância que tem a saúde mental na nossa qualidade de vida.
É possível tratar a ansiedade, por meio de acompanhamento psicológico e medicamentoso, quando necessário. É possível melhorar os sintomas, evitando as crises e se tornando responsável pela sua própria melhora. Através do tratamento, é possível voltar a respirar de forma leve, não se fixar apenas no que pode acontecer, mas focar no que realmente importa, que é o momento presente, o aqui e o agora.
Clínicas de APS da Qualirede
As Clínicas de APS da Qualirede possuem a função de cuidar da saúde integral da população. São realizadas diversas ações com o objetivo de tratar a saúde mental de cada paciente, realizando escuta ativa, fortalecendo o vínculo, facilitando o suporte e ajuda em seu contexto familiar e social.
Todo o cuidado é realizado por um time interdisciplinar, que trabalha em conjunto, permitindo uma abordagem abrangente em consonância com as necessidades dos pacientes. Cada membro da equipe age como mediador do processo de observação de fatores psicossociais e suas repercussões no estado emocional do usuário do sistema de saúde, além de facilitar a comunicação entre paciente, família e equipe de saúde, buscando fomentar o bem-estar da população.
Artigo de opinião por Uthilia Becker, psicóloga da Clínica de APS – SP
Recomendamos a leitura da matéria completa.