Estamos compartilhando periodicamente, em nosso blog, os artigos científicos produzidos por nossa equipe de especialistas. São trabalhos que contribuem significativamente para o setor de saúde, muitos deles, inclusive, foram premiados. Confira o artigo de hoje:
As doenças crônicas não transmissíveis compreendem um dos maiores problemas no contexto da saúde, pois geram, em curto-médio-longo prazo, incapacidade e sofrimento, além do impacto econômico para a sociedade. Entre elas, estão doenças cardiovasculares, como hipertensão arterial sistêmica e insuficiência cardíaca, doenças renais, diabetes mellitus e câncer. Neste cenário, é importante refletir sobre a gestão de custos assistenciais relacionados a essas doenças.
A saúde suplementar oferece cobertura para 27% da população, e uma estratégia utilizada para uma melhor gestão de custos é o gerenciamento dos casos e o desenvolvimento de ações preventivas com os grupos de portadores de doenças crônicas.
Para aprofundar mais esta questão, a Qualirede realizou um estudo junto a um plano de saúde do Sul do Brasil, com o objetivo de apresentar o perfil de beneficiários deste plano com doença crônica monitorada e relatar a experiência de gestão de custos assistenciais relacionados a este grupo.
Doenças crônicas e a relação com a gestão de custos assistenciais
Como metodologia, foi realizado um estudo transversal relacionado ao acompanhamento e monitoramento de 13.441 beneficiários com doença crônica, no período de um ano (08/2018 a 07/2019), e à gestão de custos assistenciais relacionados a eles. Os dados foram obtidos a partir de registros eletrônicos da utilização do plano de saúde e respectivas despesas assistenciais. Foram utilizadas as seguintes variáveis:
- Categorias de beneficiários: beneficiários identificados com doença crônica e em acompanhamento e monitoramento pelo plano de saúde. Foram selecionados quatro grupos, conforme presença de doença crônica – obesidade, hipertensão arterial sistêmica e diabetes mellitus, cardiopatia e doença pulmonar obstrutiva crônica;
- Custos assistenciais: dados relacionados ao custo assistencial, demandado por cada grupo de beneficiários, conforme doença crônica;
- Características dos beneficiários: sexo, faixa etária. Realizada análise estatística descritiva simples de números e percentuais.
A maioria dos beneficiários com doença crônica que participaram do estudo eram do sexo feminino, sendo 54% feminino e 46% masculino.
Em relação ao grupo de utilização dos beneficiários e representatividade de custo:
- 23% custos com SAD
- 19,92% em medicamentos
- 10,58% com diárias e taxas
- 10,01% com OPME
- 8,94% em consultas
- 8,02% em honorários médico-cirúrgicos
- 7,85% pacotes
- 4,52% em honorários médico-clínicos
- 3,73% com materiais
- 2,08% para outros profissionais de saúde
- 0,19% com remoção
- 0,19% para atenção domiciliar
O que podemos concluir na relação entre doenças crônicas e gestão de custos?
A partir do estudo realizado pela Qualirede, conclui-se que o perfil de beneficiários com doenças crônicas monitorados pelo plano de saúde é comparável ao observado nas estatísticas nacionais e internacionais. É possível observar também que a obesidade é a principal comorbidade associada às doenças crônicas e está presente em todas faixas etárias.
O gerenciamento de casos permitiu que os custos com essa população permanecessem estáveis e possibilitou a melhora da gravidade da doença em 3,65%. Neste sentido, o investimento em ações de prevenção e promoção da saúde, voltadas à Atenção Integral em Saúde e Atenção Primária à Saúde, são fundamentais para gestão de custos relacionados à assistência de beneficiários com doenças crônicas.
Mayer, BLD; Rocco, SA; Porsch, CE; Coelho, PBM; Hahn, IM.
Qualirede – Gestão em Saúde, Florianópolis, Santa Catarina, Brasil.