Construindo parcerias sustentáveis: O equilíbrio necessário entre operadoras de saúde e prestadores de serviços para melhoria dos custos operacionais
Grande parte das despesas das operadoras de planos de saúde está diretamente associada aos custos do cuidado assistencial proporcionado aos beneficiários pelos prestadores de serviços de saúde. Contudo, historicamente, o relacionamento entre operadoras e prestadores de serviços de saúde tem sido marcado por conflitos, evidenciando uma abordagem demasiadamente centrada nos aspectos operacionais.
Desafios no relacionamento operadora-prestador de saúde
O modelo de pagamento fee-for-service (ou taxa por serviço) acabou por criar distorções, incentivando a realização excessiva de recursos (procedimentos, testes, consultas, terapias), elevando os custos sem necessariamente melhorar resultados clínicos que resultem em benefícios tangíveis para a saúde do paciente.
Por outro lado, as operadoras de saúde utilizam frequentemente diversos mecanismos de contenção de custos, gerando, por vezes, impactos significativos nos prestadores de serviços de saúde.
A inflação médica, a ausência de reajustes regulares nas tabelas de remuneração, mecanismos de glosas programadas e atrasos nos pagamentos por parte das operadoras também representam desafios críticos para os prestadores de serviços de saúde.
Desafios para prestadores
A busca por um equilíbrio justo entre as operadoras de saúde e os prestadores é fundamental para manter a qualidade dos serviços de saúde diante dos desafios financeiros.
Estabelecer canais de comunicação transparentes, promover a colaboração construtiva, garantir a transparência nas negociações e implementar práticas eficazes são cruciais para assegurar uma relação sustentável e benéfica para ambas as partes.
Modelos de remuneração baseados em valor
Nesse contexto, a introdução de protocolos de avaliação assistencial, envolvendo preços, custos e indicadores de qualidade, emerge como uma alternativa interessante para criar uma diferenciação efetiva no setor.
Esse desafio tem levado à reavaliação dos modelos de remuneração, com uma mudança em direção a abordagens mais baseadas em valor.
Modelos alternativos, como pagamentos baseados em resultados, linhas s de cuidados e pagamentos globais, buscam alinhar os incentivos financeiros com a entrega eficaz e eficiente de cuidados de saúde, priorizando a qualidade e os resultados para o paciente em vez da quantidade de serviços prestados.
Não há mais espaço para essa “queda de braço” entre operadoras de saúde e prestadores de serviços. Chegamos ao momento em que operadoras de planos de saúde e prestadores devem alinhar suas estratégias para o setor e ajustar suas relações, criando condições econômicas mais propícias para o desempenho global.
É imperativo encontrar formas de relacionamento que priorizem a promoção da saúde em vez da doença, a qualidade da assistência baseada na prática médica ética, custos compatíveis, satisfação dos usuários e a lucratividade essencial ao avanço e expansão do setor.
Artigo escrito por Sandra Rocco
Médica coordenadora do núcleo de economia da saúde
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