A obesidade crônica não é vista com a seriedade que merece. Basta uma rápida pesquisa na internet sobre o assunto para percebemos que grande parte das informações atrela o assunto a dietas milagrosas que trazem mais prejuízo do que benefícios para quem sofre com a doença. Isso desconsiderando o fato de que é altamente não recomendado a adoção de dietas sem um acompanhamento médico ou de um nutricionista.
>No Dia Nacional de Combate à Obesidade, é importante relembrar de que mais do que buscar métodos questionáveis para lidar com essa realidade, é preciso compreender os motivos pelos quais a condição já é considerado pela Organização Mundial da Saúde uma doença crônica e o que faz dela uma questão maior do que uma simples dieta – mas, sim, de saúde pública.</span&gt;</span>
O cenário da obesidade crônica
Manter um peso ideal implica no balanceamento entre as calorias ingeridas e a energia gasta ao longo do dia. É por isso que a obesidade crônica é desenvolvida principalmente pela alimentação em excesso ou feita de maneira inadequada, desregulada. A doença dá seus primeiros sinais através do surgimento de gordura excedente – o que é visível na balança ou nas roupas que ficam apertadas ao longo do tempo. </span></span>
É importante considerar, entretanto, que nem sempre o aumento do peso deve ser considerado um quadro de obesidade. É preciso que a pessoa passe do que chamamos de sobrepeso para que seja enquadrada e tal diagnóstico – que pode ser realizado de maneira simples através do cálculo do Índice de Massa Corpórea (IMC). Para isso, divide-se o peso pela altura ao quadrado do indivíduo e analisa-se o resultado. Assim, temos:
- Abaixo do peso: IMC abaixo de 18,5
- Peso normal: IMC entre 18,5 e 24,9
- Sobrepeso: IMC entre 25 e 29,9
- Obesidade Grau I: IMC entre 30 e 34,9
- Obesidade Grau II: IMC entre 35 e 39,9
- Obesidade Grau III: IMC acima de 40.
Assim, quando o IMC de uma pessoa passa de 30, ela já é considerada obesa.
O fator do excesso de gordura nos leva a outra causa da doença: o sedentarismo. Quanto menos exercícios físicos a pessoa faz, menos energia ela gasta por dia, resultando em sobrepeso e, ao longo do tempo, obesidade crônica.
>Outros fatores também contribuem para o desenvolvimento da condição, como a genética e fatores psicológicos, como depressão e ansiedade, que podem desencadear diversos padrões de comportamento que prejudicam a alimentação e qualidade de vida.</span>
<h2>Complicações
É importante lembrar que a obesidade crônica nunca estará sozinha. A condição leva a pessoa a participar de grupos de risco de diversas outras complicações.
O aumento de gordura corporal, por exemplo, predispõe a pessoa obesa a desenvolver doenças cardiovasculares e até mesmo sofrer um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Problemas nas articulações, nos ossos e pressão alta também podem ser desencadeadas em decorrência do alto peso corporal. Além do aumento do risco de desenvolver colesterol nocivo, diabetes, triglicérides, apneia do sono, acidente vascular cerebral e acúmulo de gordura no fígado.
<span style=”font-weight: 400;”>Mas não são apenas complicações físicas que podem ser associadas à obesidade crônica. O preconceito fazeo obeso estar mais propenso à depressão e ansiedade, o que causa diversas complicações nas relações pessoais e profissionais.
Saúde pública
Apesar de toda a seriedade da obesidade crônica, a última Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), realizada em 2018, constatou que 55,7% da população brasileira se encontra acima do peso. Isso retrata um aumento de quase 31% em relação ao ano de 2006, quando 42,6% da população estava na mesma condição.
Também deve-se considerar a faixa etária. A mesma pesquisa concluiu que mais da metade, 55,7%, dos jovens de 18 a 24 anos estão pelo menos com sobrepeso.
Os números expressivos nos levam a tratar a obesidade crônica como questão de saúde pública. É exatamente neste contexto que o Ministério da Saúde anunciou em setembro deste ano que pretende abordar o assunto de maneira mais contundente. O anúncio aconteceu numa com o Ministro da Saúde, Henrique Mandetta, no começo do mesmo mês, em Brasília: “Nós vamos atacar a obesidade com muita informação sobre alimentação saudável, atividade física e rotulagem informativa. Tem que ser um desafio geracional e uma política sustentável ao longo do tempo, assim como foi com o tabaco. O apoio das entidades médicas é essencial”.
Isso reflete, então, em mais atividades físicas abordadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) como forma de prevenção e conscientização. No mesmo sentido, a Anvisa está com audição pública aberta para aprovar mudanças nos rótulos dos produtos. O que vai os tornar mais acessíveis e legíveis, além de conter avisos na parte frontal das embalagens de alimentos ricos em açúcares, gorduras e sódio.</span></span>
Iniciativas da Qualirede
Também unindo esforços contra a obesidade crônica, a Qualirede aposta na abordagem por meio de clínicas de Atenção Primária à Saúde (APS) e programas de Gerenciamento de doenças crônicas e saúde populacional, para ajudar a combater e prevenir a obesidade crônica. Neste sentido, o que está em jogo não é apenas a redução de custos ou de tempo de atendimento, mas a qualidade de vida do paciente e a eficiência do tratamento por meio de telemonitoramento, visitas e atividades coletivas.</span></span>
Assim, temos uma ferramenta que coordena os cuidados da pessoa com obesidade crônica por meio telefônico. O objetivo, aqui, é assegurar a adesão ao tratamento e reforçar as condutas recomendadas – exercícios físicos regulares indicados, alimentação prescrita, entre outros – , de maneira rápida, prática e igualmente eficiente. Tal ação promove o estímulo contínuo para que o obeso gerencie a própria saúde, promovendo o autocuidado.
Já as visitas domiciliares pelas equipes especializadas formadas por técnicos de enfermagem e enfermeiras reforçam o vínculo entre o paciente e o tratamento médico. Uma vez que o acompanhamento é essencial e faz toda a diferença em casos de obesidade crônica.
Nas atividades coletivas contamos com profissionais da equipe multidisciplinar que realizam Grupos de Educação nutricional, rodas de conversa e Oficinas de nutrição e atividade física.
<span style=”font-weight: 400;”>Por sua vez, o Médico de Família surge como forma de acompanhar o paciente de forma holística, buscando oferecer as melhores alternativas de acordo com informações mais aprofundadas que dificilmente um médio faria de maneira impessoal. Considera-se não apenas as informações do IMC, mas também o histórico do paciente e de sua família, seus hábitos e diversos outros aspectos que tornam o tratamento, além de contínuo, personalizado. </span></p>