Dia mundial da saúde mental e a APS

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Categoria: Qualirede

Contexto histórico da saúde mental no brasil e suas intervenções pela equipe multiprofissional de Atenção Primária à Saúde – APS.

A história da saúde mental no Brasil, é permeada por roteiros históricos de dor, sofrimento, tratamentos não convencionais como lobotomia, eletrochoque, castigos severos e exclusão social.

O surgimento da reforma psiquiátrica

Em meados da década de XIX, surge um debate a respeito da saúde mental no Brasil, suas formas de internações e intervenções, conhecido como Reforma Psiquiátrica. 

A reforma psiquiátrica no Brasil, é inspirada nas ideias do psiquiatra Franco Basaglia, que revolucionou, em 1960, as abordagens e terapias no tratamento das pessoas que possuem transtornos mentais (AGÊNCIA SENADO, 2021). 

As intervenções de Franco, era reformular a psiquiatria tradicional que faziam  os hospícios e revolucionar o tratamento psiquiátrico, desenvolvendo uma abordagem de reinserção territorial e cultural do paciente na comunidade. 

Em vez de isolamento em manicômio à base de medicamentos fortes, vigilância ininterrupta, choque elétricos e camisa de força, o método proposto por Franco é o retorno à sua vida social, acompanhamento domiciliar, terapias alternativas e terapia com a psicologia. 

O processo evolutivo de atenção à saúde mental no Brasil, ganhou força com a lei n.10.216/2001(lei da Reforma Psiquiátrica), que teve como marca o fechamento gradual dos manicômios e hospícios pelo país e que de nada melhoraram a saúde mental brasileira. A lei, fala dos direitos das pessoas vivendo com transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental no país. 

Antes de falarmos sobre o modelo de saúde mental no Brasil, é preciso deixar claro que a reforma psiquiatra busca a desconstrução da assistência manicomial, que acaba piorando ainda mais o sofrimento psíquico do indivíduo, busca ainda a transformação de toda a uma cultura que dá apoio a violência, o preconceito, a discriminação e o aprisionamento das pessoas com transtornos mentais. 

As mudanças na saúde mental ainda não  incluem buscar uma cura, mas, dar uma assistência de qualidade ao indivíduo que está em sofrimento psíquico. 

A transformação da cultura em saúde mental

No fim da década de 1980, surgiram novos equipamentos assistenciais como o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) e os Núcleos de Atenção Psicossocial (NAPS), sendo o pontapé inicial da reforma psiquiátrica no Brasil, oferecendo serviços de psicologia, enfermagem, medicina, serviço social, terapia ocupacional, odontologia, farmácia, ou seja, o paciente em sofrimento mental tinha um suporte multiprofissional para intervenções além do diagnóstico.  

A rede de atenção psicossocial no brasil

O modelo de saúde mental no Brasil é chamado de Rede de Atenção Psicossocial que é formado pela  Atenção Primária à Saúde, CAPS, serviços de residência terapêutica,  Centro de Convivência e Cultura, Unidade de Acolhimento, Leitos de Atenção Integral e o programa volta para casa.

Modelo Qualirede

Nas clínicas de APS da Qualirede, os profissionais estão sempre em consonância com a história da saúde mental brasileira e os preceitos da redes de atenção psicossocial e os atributos da APS. Desenvolvem atividades de cunho coletivo e individual, voltado para o beneficiários e a família, seja presencial ou por teleconsulta, e utilizam de ferramentas específicas para a promoção, proteção, recuperação e reabilitação dos beneficiários em sofrimento ou transtorno mental.

Algumas ferramentas são importantes na consulta para pacientes em saúde mental, como acolhimento, escuta, vínculo, projeto terapêutico singular (PTS), genograma e ecomapa. O Projeto Terapêutico Singular – PTS, é um conjunto de condutas terapêuticas articuladas para um indivíduo, família ou um grupo que resulta em obter resultados para o beneficiário.  O PTS pode ser desenvolvido por qualquer profissional da clínica de APS.

Outro fator importante na intervenção da saúde mental dentro das clínicas de APS, é o acesso aos profissionais de psicologia. Estes profissionais realizam consultas de individuais de psicologia, interconsulta com outro profissional da APS, realizando referenciamento para profissionais de saúde mental na rede, atividades coletivas sobre desconstrução do estigma e mitos sobre saúde mental, propõem ações alternativas às internações psiquiátricas prolongadas ou desnecessárias, propõem, realizam e conduzem eventos alusivos à saúde mental (Setembro Amarelo, Janeiro Branco, etc.), elaboraram materiais educativos sobre saúde mental e acompanham grupos terapêuticos dentro da clínica. 

O Psicólogo na APS, faz um atendimento humanizado, com foco na subjetividade de cada beneficiário, com uma grande importância na condução psicoterapêutica. 

Para quem gosta ou se interessa pelo tema de saúde mental, deixo a indicação de um livro: Holocausto Brasileiro, da autora Daniela Arbex, que descreve com muita robustez um dos capítulos mais macabros da nossa história: a barbárie e a desumanidade praticadas, durante a maior parte do século XX, no maior hospício do Brasil, conhecido por Colônia, situado na cidade mineira de Barbacena e o filme Nise: O coração da loucura, produzido em 2016, psiquiatra que se recusa a aplicar eletrochoques ou fazer lobotomias nos pacientes. Acaba isolada por seus próprios colegas e abre no local o Setor de Terapias Ocupacionais. 

Autor: Túlio Alves

Enfermeiro coordenador da Clínica de Atenção Primária à Saúde -APS de Recife-PE.

Referência: 

BRASIL. Congresso Nacional. Senado Federal. Consultoria Legislativa. Após 20 anos, reforma psiquiátrica ainda divide opiniões. site do Senado Federal, 2020. Disponível em: <https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2021/04/06/apos-20-anos-reforma-psiquiatrica-ainda-divide-opinioes>.

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